Monday, July 03, 2006

o jovem nevoeiro

João Pedro Sevalho

O jovem nevoeiro ficava sentado a me olhar,
sabia que eu ali passava, somente pra admirar.

O jovem nevoeiro gosta de ficar no mar,
e é pra lá, pro lado grande, que ele um dia vai morar.

O jovem nevoeiro me confunde muitas vezes,
parece estar insatisfeito,
essa brisa vem de lá.

O jovem nevoeiro, de uns tempos pra cá,
resolveu me atormentar.
Me chamando com o olho,
me chamando feito o ar.

O jovem nevoeiro, não faz muito tempo,
botou muita gente pra rezar.
Fez o medo em meio mundo,
uma loucura a ensaiar.

Esse jovem nevoeiro, já consegue dominar.
Suas rajadas de desejo derrubaram o meu pomar.

Esse jovem nevoeiro não consegue mais parar,
já conhece todo mundo, vira tudo em um segundo,
se arremeça contra o mar.

Pelo jovem nevoeiro, sempre enfrente vou passar,
mas agora e para sempre
meu desejo vou matar.

Mexe tanto o meu juízo,
não consigo mais passar.
Esse jovem nevoeiro um dia há de me matar.

2 comments:

Cadu Corrêa said...

Muito bom. Muito bom mesmo! Belas imagens. Abraço

Jubsky said...

um gracinha esse poema! não conhecia esse seu lado artístico.
nem o seu lado que fica mudo...
O mundo é mesmo cheio de surpresas, por de trás no nevoeiro.
bj